Em cada fotografia que nos atrai, não há um momento perdido no tempo, mas uma promessa contínua. O poder dessas imagens não reside na sua capacidade de fixar um instante, mas em seu dom de nos lançar em múltiplas direções: para trás, em memória; para frente, em antecipação; e ainda mais profundamente, em contemplação. Tais imagens, que funcionam como portais emocionais, raramente são simplistas; elas têm a habilidade de nos convidar para uma viagem que vai além do que é imediatamente visível.
É aqui que encontramos um tema inesperado, mas irresistivelmente atraente: o ato de atravessar algo. Não, não estamos falando apenas de portas e passagens óbvias. O interessante, muitas vezes, reside na sutil sugestão de que algo está à nossa espera, logo ali, em um espaço que o olho pode não ver, mas que o coração sente.
Por que o conceito de atravessar é tão enigmático? Talvez porque ele ressoe com o próprio espírito humano, sempre em busca, sempre curioso. Pense em Alice, do clássico literário, e sua jornada ao atravessar o espelho. Ela não apenas se desloca de um lugar a outro; ela entra em novas dimensões de compreensão, enfrenta desafios e retorna transformada. Assim como Alice, cada um de nós enfrenta nossos próprios "espelhos" — desafios, decisões, mudanças — que nos pedem para sermos corajosos o suficiente para dar o próximo passo.
Na psicologia, o conceito de liminaridade — o estado de estar no limiar entre um ponto e outro — explora essa ideia de uma maneira profunda. É um estado de suspensão, mas também de potencial. Poderíamos dizer que muitas fotografias que nos fazem pausar para olhar captam essa mesma qualidade. Elas nos mostram um momento suspenso no espaço e no tempo, cheio de possibilidades.
Mas não se engane, as implicações vão além do individual. Em um mundo em constante fluxo, onde mudanças geopolíticas e crises ambientais nos pressionam a pensar em novas formas de coexistência, o ato de "atravessar" pode ser visto como um imperativo coletivo. Essas imagens tornam-se um símbolo tangível da nossa interconexão e da necessidade de avançar, mesmo quando o caminho à frente é incerto.
Ao explorar o mundo pela lente desse transpor, não estamos apenas observando paisagens ou retratos; estamos mergulhando em um mar de nuances, navegando pela complexidade da existência humana. E isso, por si só, confere um valor imensurável ao intrincado percurso que é a nossa busca por significado e compreensão.
Escrito por Angela Rosana, saiba mais sobre mim aqui.
Os créditos aos fotógrafos constam nas imagens, com links para os respectivos perfis no Instagram. Conheça mais o trabalho de cada um!
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Publicação no Instagram em setembro de 2023
Fazer parte deste trabalho rico de sentimento e percepções encantadores de Rosana, me deixou ainda mais eufórico em continuar fotografando. Estou encantando com o poder que a senhora da ainda mais as obras!
Gratidão!
Lindas as fotos, algumas são tão íntimas, em geral todas carregam intensidade.