Imaginemos por um momento a lente de uma câmera fotográfica, aquele círculo que capta a realidade e a transforma em imagem. A própria lente é uma microcosmo da influência e do simbolismo que o círculo tem exercido sobre nós, uma forma que é tão básica quanto complexa.
Esse simples desenho geométrico encontra ressonância em campos tão variados como a matemática, a religião e, até mesmo, a nossa psique. E, de algum modo, essa forma encontra seu caminho até as artes visuais, onde assume novas camadas de significado.
Dentro da composição, o círculo na fotografia e nas obras de arte atua quase como um imã para o olhar. Não importa se ele é o protagonista da imagem ou um elemento discreto em segundo plano, ele envolve e direciona nossa atenção de uma maneira que poucas outras formas conseguem. E, ao fazer isso, ele não só enriquece a composição estética, mas também aciona gatilhos emocionais. A forma circular, em sua simplicidade, tem o poder de despertar uma variedade de sensações e estados emocionais, desde um sentimento de aconchego e coesão, como se estivéssemos sendo abraçados por sua simetria, até uma sensação de vazio e indefinição, semelhante ao mistério de um horizonte que parece nunca terminar.
Mas o que há nessa forma que nos faz sentir tanto? Carl Jung tinha uma teoria interessante: o círculo, ou a mandala, é uma representação do "Self", a totalidade da psique humana. Portanto, ao nos depararmos com essa forma em uma obra de arte, é como se algo dentro de nós estivesse sendo ativado, uma parte inconsciente que anseia por equilíbrio e totalidade. E quando artistas optam por incorporar o círculo em suas obras, seja de maneira consciente ou não, eles estão também dialogando com esses anseios universais do espírito humano.
Essa busca pela unicidade não se limita apenas à nossa psique, ela também encontra ressonância em várias tradições culturais e espirituais ao redor do mundo. Em práticas orientais como o Budismo e o Hinduísmo, o círculo, frequentemente manifestado na forma de mandalas, serve como um instrumento para meditação e iluminação espiritual. Portanto, a presença dessa forma nas artes visuais pode funcionar como uma ponte para esses reinos mais transcendentais de entendimento, adicionando uma camada de profundidade à experiência do espectador.
Assim, a representação visual do círculo ultrapassa simples escolhas estilísticas para se tornar uma porta de entrada à introspecção, uma janela para emoções complexas e até mesmo uma ponte para o divino. Esse elemento nos envolve com sua aparente simplicidade, mas nos desafia com sua inerente complexidade à medida que exploramos seus significados mais profundos. Em um mundo cada vez mais fragmentado, talvez o círculo atue como um elo silencioso, recordando-nos de que todas as coisas estão, de algum modo, interligadas, e que cada fragmento é parte de um sistema maior e mais coeso.
Escrito por Angela Rosana, saiba mais sobre mim aqui.
Os créditos aos fotógrafos constam nas imagens, com links para os respectivos perfis no Instagram. Conheça mais o trabalho de cada um!
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Publicação no Instagram em setembro de 2023