#Memória #Esquecimento: Um Paradoxo na Fotografia

casal se abraçando com filhos iluminando com uma lanterna — Foto por Cosmic Mom Fotografia 🇷🇺

A fotografia nos convida a um paradoxo revelador: enquanto capturamos o visível, estamos, talvez inadvertidamente, libertando o vivido. Essa dualidade se manifesta tanto na imagem registrada (póstuma ao momento vivo) quanto no ato de fotografar.

mulher abraçando uma gaiola com objetos — Foto por Margot Barcellos 🇧🇷

O produto final, seja uma fotografia impressa ou digital, é frequentemente visto como um veículo de preservação de memórias. Contudo, é no processo de selecionar e capturar — o próprio ato de fotografar — que o esquecimento e a liberação da memória podem ocorrer de maneira mais sutil e significativa

Céu noturno com raios sobre a cidade iluminada — Foto por Leo Caldas 🇧🇷

Ao levantar a câmera ou o smartphone para fotografar, há uma decisão implícita de fixar um momento, de extrair um fragmento do fluxo contínuo da experiência. Nesse gesto, pode haver um alívio subconsciente, uma sensação de que uma vez capturado, o momento pode ser liberado da mente, pois está 'salvo' na imagem. Esse ato de captura e a subsequente confiança na imagem como portadora da memória podem diminuir a necessidade de armazenar a experiência na memória orgânica.

rapaz se banhando num rio — Foto por Deshabitua - Andres Gonzalez 🇵🇹

Considerar o registro fotográfico sob essa luz pode encorajar uma reflexão mais profunda sobre como nos relacionamos com o ato de fotografar. Em vez de simplesmente armazenar momentos, podemos começar a ver a fotografia como um meio de nos engajarmos com o mundo de uma maneira que prioriza o presente sobre a permanência, que valoriza a experiência sobre o registro.

foto dborrada de paisagem vista de dentro de um automovel — Foto por Fernanda Chemale 🇧🇷

Ao discutir a expressão fotográfica dessa forma, somos incentivados a pensar mais conscientemente sobre quando e por que apertar o obturador. Talvez, ao reconhecer essa dimensão do esquecimento, possamos reencontrar um equilíbrio entre viver no momento e documentá-lo, entre ser um participante ativo na cena diante de nós e um observador que se prepara para revisitar um eco do passado.