As Evidências e Sutilezas da Fotografia Através do Vidro
- Angela Rosana
- 14 de out. de 2023
- 2 min de leitura
Atualizado: 16 de out. de 2023
Ao olhar através do véu de uma vidraça, somos delicadamente conduzidos a ver uma realidade filtrada. O vidro, embora transparente, se apresenta como uma barreira que separa o observador do mundo lá fora e, simultaneamente, O vidro, embora transparente, se apresenta como uma barreira que separa o observador do mundo lá fora e, simultaneamente, restringe a visão de quem está fora sobre o espaço interno.
A dualidade da fotografia através do vidro cria uma sensação perturbadora de distância e proximidade. A distância porque há um obstáculo físico entre o observador e o objeto observado. Proximidade porque, apesar dessa barreira, o mundo exterior ainda é visível e está quase ao alcance. O espectador é, assim, chamado a explorar essa dimensão, encontrando ressonâncias de suas próprias vivências e sensações.
Em uma era onde desafiamos a distinção entre o interno e o externo o tempo todo, as fotografias que jogam com o vidro — seja evidenciando olhares distantes, refletindo silhuetas urbanas, ou enfatizando o rosto pressionado de um homem imerso em seus próprios pensamentos — nos provocam reflexões sobre a natureza efêmera e às vezes intangível de nossos momentos e emoções. Assim como a vidraça que permite, até certo ponto, uma visão do exterior sem comprometer totalmente a privacidade do interior, a sociedade moderna busca equilibrar a necessidade de conexão com o desejo de individualidade.
O filósofo francês Jean Baudrillard discutiu a ideia de hiper-realidade, onde as representações de algo podem se tornar mais significativas que o próprio objeto. Ao olhar através da vidraça, percebemos o mundo exterior através de uma perspectiva moldada por imperfeições, reflexos e distorções. Essa visão pode ser interpretada como uma alegoria para a maneira como absorvemos informação hoje: mediada por diferentes prismas, seja nas redes sociais, notícias ou arte.
Além disso, artistas ao longo dos tempos têm brincado com a ideia de percepção. Desde as pinturas renascentistas que utilizavam técnicas de perspectiva para criar a ilusão de profundidade, até os artistas contemporâneos que usam mídias mistas para desafiar nossa visão do real e do irreal. As imagens vistas através de uma superfície vitrificada nos ensejam a participar dessa longa tradição, questionando o que é realidade e o que é representação.
No final das contas, cada imagem que olha através da vidraça é um convite à introspecção. É um chamado para questionar o que vemos e, mais do que isso, como vemos, e, por extensão, como nos relacionamos com o mundo à nossa volta. Essa exploração visual ressoa com questões intrínsecas ao nosso ser no mundo contemporâneo.
Através dessas sutilezas e imperfeições, mergulhamos em camadas mais profundas e matizadas de nossa essência e natureza. Ao nos permitirmos essa introspecção, ampliamos nossa conexão com a arte e a vida, ultrapassando a simples observação e tocando o âmago de nossas emoções e percepções.
Escrito por Angela Rosana, saiba mais sobre mim aqui. Os créditos aos fotógrafos e artistas constam nas imagens, com links para os respectivos perfis no Instagram. Se você gostou desse artigo, deixe sua avaliação ao final da página! Leia outros artigos aqui Visite nosso Instagram Siga nosso podcast no Spotfy aqui Insceva-se no nosso canal no YouTube aqui Publicação no Instagram em outubro de 2023
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